terça-feira, 30 de março de 2010

Orquestra Sem Voz

Meu coração carrega as cordas de um violão encantado,
Minha cabeça, um piano de calda velho,
Afinados por sentimentos de solidão,
amores e saudades...
Meu corpo caminha como um orquestra a tocar pro vento,
a tocar pro nada...

Minhas mãos cantam uma ópera tosca,
Em cada dedo um drama, uma lágrima,
Meus pés caminham para um palco onde
só as luzes da ribalta estão na platéia,
e apagendo-se uma a uma,
aplaudem meu olhar de palhaço...

Ouço risos e não entendo o porque de tanta tristeza,
Ouço lírios a cantar e não entendo o porque
de tantos gritos de desespero,
Vejo uma criança feliz e, logo, um homem a chorar,
Então entendo o quanto a vida nos faz sofrer...

Meu coração carrega as cordas de um violão encantado,
Minha cabeça, um piano de calda velho,
Afinados por sentimentos de solidão,
amores e saudades...
Meu corpo caminha como um orquestra a tocar pro vento,
a tocar pro nada...

Belém-Pará, dia 30 de março de 2010.

Para 'E.'

Ouço no cantar do vento uma voz,
Lembro das palavras de alguém,
Simples, poucas, lindas,
Mas que hoje dou valor inestimável.
As palavras de um ‘menino-homem’
ou ‘homem-menino’,
que da vida absorve sua verdadeira essencia...

Tenho nas entranhas as palavras de vários mundos
E nos calcanhares da minha alma
Sentimentos intermináveis que te ofereço,
Não ao amigo, mas a luz que representa em minha vida...

Hoje eu olho para o céu e em cada estrela vejo
o brilho assutado e esperançoso dos teus olhos,
Olho para o horizonte que leva a noite embora
E ouço o grito da verdadeira alegria do teu sorriso...

Nas palavras que pensas, falas e escreves,
Há uma mistura de perfumes,
Um verdadeiro jardim de poemas em cada letra
Que tuas mãos transformam em eternidade...

E nesse vento, nessa voz,
Nesse céu, nesse horizonte,
Sinto um encanto maior,
Maior que a distancia que nos separa
E suficiente para eternizar nossa ligação...

E apesar de qualquer coisa,
Espero que eu esteja presente dentro de ti,
Como estarás em mim, sempre...

Belém-Pará, dia 30 de março de 2010.

Para Milla

Você voou para longe do pequeno sonho,
Encontraste com a realidade,
Caio aos pés da distancia,
E não deixou que a saudade ceifasse tua esperança...

Voaste para longe de mim, de todos nós,
Deixou conosco a tua ausencia,
Uma ausencia presente em cada noite,
em cada estrela, momento, em cada lugar...

Voaste ao encontro do desencontro, do desconhecido,
Usou o espelho para refletir teu passado,
E nesse presente o que reflete são lágrimas,
Lágrimas que procuram a intensidade do teu futuro,
A intensidade da vida, do teu amor...

Belém-Pará, dia 26 de março de 2010.

(“Deus” / “Eu sou a vida e sua essência”)

Eu sou uma esfera de vidro
Que quebra no soprar do vento,
Sou uma esfera de aço,
Que destrói a vida no puxar do gatilho...

Sou o sol que queima a face do trabalhador,
A chuva que destrói a roça
E leva toda a plantação regada por suor
Para o leito das lágrimas...

Sou o brilho no fundo da terra
Que deixa cego o homem e o destrói,
À busca de sonhos enterrados pelo barrando amarelo,
E afogados pelos gritos do explorador...

Sou aquela que por trás de poucas roupas
Sustento o mundo nas costas
E abre as pernas para suportar a dor
de um mundo que a despreza,
e tenho um filho que se chama revolta e solidão...

Sou aquele que sai nas ruas a pedir esmolas,
durmo nas sarjetas,
como frio, o vento, o medo,
e me embriago do descaso de um sociedade...

Eu sou o sangue que corre nas veias
e escorre no asfalto,
o corpo estirado no chão rodeado
por gritos de desespero,
a fraqueza da força
e o grito do silencio...

Eu sou o divino e o maravilhoso,
O aedo ignorante que conta histórias de uma terra,
Eu sou o temido por todos em todas as vidas,
Sou o pecado do perdão
E o megatão que explode no céu...

Eu sou o soldado caído no meio da guerra,
Sonhando com a família e a amada,
Eu sou a luta, a batalha e a própria guerra,
Sou um holocausto,
Eu apenas sou...

Eu sou o esperado, o aeon,
Uso da mentira para me fazer verdadeiro,
Sou aquele que vem em nome do povo,
Dos mais fracos, pobres, desamparados,
Eu sou a prata, o cobre, o chumbo e a carne...

Eu sou humano?
Ou sou um espelho?
Quem sou eu?
Sou Deus? Será?
Ou será que não sou nada?

Belém-Pará, dia 25 de março de 2010.

Mergulhe na Intensidade

Sente-se aos pés da cruz,
aos pés do medo,
fique parado e veja o tempo,
pegue o bonde da vida
e mergulhe na intensidade...

Sente-se aos pés da arvore,
os pés da montanha,
sinta o ferver da terra,
e cante o canto da liberdade...

Sente-se aos pés da dor,
aos pés da alma,
reflita sobre uma palavra
e deixe que um gesto faça tudo...

Sente-se aos pés do riso,
aos pés da ironia,
pense, então, que a vida é perfeita,
e beije os ventos do norte...
Pegue o bonde da vida,
E mergulhe na intensidade...

Belém-Pará, dia 23 de março de 2010.

Eu Quero Um Sonho

Eu quero um sonho,
um sonho real,
um sonho que eu possa ter acordado,
que eu possa andar nas nuvens
que eu possa voar no fundo do mar...

Eu quero um sonho,
Quero um céu,
Quero um mar,
Quero um amor,
Quero amar...
Eu quero um sonho...

Belém-Pará, dia 23 de março de 2010.

Aparências

Visto-me de coura dos pés a cabeça,
Visto-me com uma crosta de aparências sem fim,
Explodo-me em risos que não são os meus,
E meu coração desmancha-se
Como uma seda a pegar fogo...

Escondo-me dentro de longos
que cobrem meus pensamentos,
e por trás de uma maquiagem
que desfigura todo o meu ser,
minha alma...


Belém-Pará, dia 17 de março de 2010.

TV Na Madrugada

De madrugada ligo a Tv e a deixo sem voz,
Para ver o máximo de luzes
e imagens refletidas na parede, no teto, no céu,
onde mi há imaginação,
ao som do radio,
me da as melhores viagens ao centro da terra...

ligo a Tv para ler os lábios incólumes
de personagens que vivem mortos,
mortos numa caixa de sonhos e desejos,
para onde os olhos caminham
a mercê de uma louca fumaça
de um cigarro barato...

De madrugada ligo a Tv para
escrever o que vejo, o que não vejo,
o que sinto, o que desprezo,
numa madrugada de ócio e solidão,
onde os lençóis da cama se entrelaçam
nos meus pensamentos...

De madrugada ligo a Tv,
Meus pensamentos e sentimentos resistem
oclusos por alguns instantes,
instantes que não duram a um piscar de olhos,
quando o coração expugna, a pulos,
todo o meu corpo...

De madrugada ligo a Tv,
Desfaço-me em tons de neon,
Me perco nessa mistura de cores,
E então desapareço, ao desligar a TV...

Belém-Pará, dia 15 de março de 2010.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Como vou deixar você?

Como vou deixar você
Se a graça da minha vida no teu sorriso.
Se a minha vida depende da luz dos teus olhos?

Como vou deixar você
Se a minha essência esta na tua essência
Se eu não sei te esquecer?

Como vou deixar você
Se eu prometi que nunca te perderia,
Se em todas as noites que me perdi,
Foi nos teus braços?

Como vou deixar você
O que farei da minha vida sem você?
Se ontem sonhava em te encontrar
E hoje sonho que amanha você ainda esteja ao meu lado...

Como vou deixar você
Se ando a sobra dos teus passos
Se conheci o sabor das maçãs, das rosas,
Nos teus beijos...

Como vou deixar você
Se minha força é você,
Se você é a chuva que faz meu jardim florir
Se és o meu caminho para as estrelas...

Como vou deixar você
Se preciso do teu calor,
Do teu carinho,
Se preciso da tua paixão,
Se preciso de amor,
Do teu amor...

Belém-Pará, dia 14 de março de 2010.

Blues Latino

Segurando uma garrafa de vodka,
Vou caminhando pelas ruas
Na escuridão de minha embriaguez
Vou pedindo piedade
Num blues que canto sem saber o fim...

A cada esquina um gole,
Um bolero, um blues, uma piedade.
Caiu no chão ao tentar imitar uma canção,
Um bêbado a tropeçar num ‘blues latino’,
No blues de Cazuza e Aznar...

Peço piedade a cada pessoa careta
que passa e me despreza,
não peço piedade pra mim,
peço pra eles, por eles,
para sua embriaguez de falsos moralismos e caretices...

Sento na sarjeta,
A garrafa secou,
Olho para o céu e a chuva começa a cair,
Cai uma nova embriaguez.
Adormeço no meu blues latino,
E sonho com a piedade da hipocrisia...

Belém-Pará, dia 13 de março de 2010.

Vou Fugir Daqui

Vou fugir daqui
Vou cruzar a fronteira do mar e do horizonte
Vim apenas me despedir,
Me despir, nessa ultima noite...

Vou fugir daqui
Vou cruzar os telhados como um gato
a procura de abrigo, vou fugir daqui,
Estou só, a espera do que vai acontecer...

Vou fugir daqui
Vou cruzar leigos pensamentos
Vou encontrar formas de saudades e fugir
Como um desesperado que quer voltar...

Vou fugir daqui
Como o diabo foge da cruz
Como o cão da água e o vampiro da luz
Vou a caminho de uma overdose de distancia...

Vou fugir daqui
Há um bar lá na esquina
Uma mesa fazia, uma garrafa de vodka e emoção,
Tem cigarro, luz negra e solidão,
Vou fugir daqui...

Vou fugir daqui
Vou me misturar com a fumaça, com a cachaça,
Vou fugir para dentro das palavras
e me transformar em um poema bêbado,
de um bêbado que amanhece na esquina,
Vou fugir para dentro do mundo...

Belém-Pará, dia 13 de março de 2010.

A Minha Eternidade

A minha eternidade não está em mim
Não está nas rosas nem no jardim
A minha eternidade esconde-se
Pelo horizonte de minha alma...

A minha eternidade não está em mim
Não está nos gestos nem nas vontades
Não está no olhar nem no sorriso,
Onde está minha eternidade?

A minha eternidade não está em mim
Não é minha nem nunca será
Não tem cheiro nem cor
Não tem dono, não tem flor, não tem jardim...

A minha eternidade não está em mim
Ela existe e não existe
É um tudo sem nada
É um sonho, é fantasia,
É uma mistura de drogas, ópio e ‘ser humano’...

A minha eternidade é um herói
Está na embriaguez da loucura,
A minha eternidade está na fumaça dos meus versos,
É uma viagem sem fim...

Belém-Pará, dia 12 de março de 2010.

As Flores do Meu Jardim

As flores do meu jardim sentem sede de sentimentos
Que sentimentos?
Plantei as mais belas sementes,
E hoje estou colhendo pétalas secas
que se desfazem nas minhas grossas mãos...

O jardim que antes encantava um mundo de cores,
Hoje está em decadência,
E suas cores esvaíram-se pelo escuro do abandono.
As palavras amargas são como formigas
que corroem as raízes de minha alma...

As flores do meu jardim choram,
E sem que eu possa controlar
Meus olhos as machucam
com palavras que meu coração condena...
Perco-me nessa loucura,
E tenho medo de perder minhas rosas...

Belém-Pará, dia 09 de março de 2010.

Coração Abandonado

Bate forte como um touro
Sente fome como um velho e mendigo leão
Grita de dor como um pássaro baleado
E chora com um cão sem dono...
Corre pelos fios de alta tensão
Cai no meio da rua
E abandonado, é jogado na esquina do mundo,
Amanhece sem cor, sem palavras, sem violão...

Não tem forças, não tem voz,
Não flor, não tem jardim,
Não tem noite, não tem lua nem outra estrela,
Não tem paixão, não tem amor,
Só tem saudades...

Belém-pará, dia 06 de março de 2010.

terça-feira, 2 de março de 2010

Te ofereço...

Te ofereço essa terra,
Pela qual lutou e foi amada.
A terra onde plantaste as sementes do universo,
A terra onde semeaste a eternidade...

A terra onde criou seu jardim de sentimentos,
Onde plantou paixão,
coragem, força, medo,
E colheu as mais lindas flores do amor...

Te ofereço essa terra
para que agora seja parte de sua verdadeira raíz,
Para que faça crescer em nossos corações
a tua linda e infinita imagem...

Te ofereço o mundo que explode em meu peito,
O mundo que transborda dos meus olhos,
O mundo de estrelas que embala, sacia minha alma,
imortal e infinita...

Te ofereço, de joelhos,
o meu corpo, minha mente,
o mar de sentimentos que corre dentro de mim,
te ofereço minha vida,
minha inteira poesia...

Belém-Pará, dia 03 de Março de 2010.