terça-feira, 30 de março de 2010

(“Deus” / “Eu sou a vida e sua essência”)

Eu sou uma esfera de vidro
Que quebra no soprar do vento,
Sou uma esfera de aço,
Que destrói a vida no puxar do gatilho...

Sou o sol que queima a face do trabalhador,
A chuva que destrói a roça
E leva toda a plantação regada por suor
Para o leito das lágrimas...

Sou o brilho no fundo da terra
Que deixa cego o homem e o destrói,
À busca de sonhos enterrados pelo barrando amarelo,
E afogados pelos gritos do explorador...

Sou aquela que por trás de poucas roupas
Sustento o mundo nas costas
E abre as pernas para suportar a dor
de um mundo que a despreza,
e tenho um filho que se chama revolta e solidão...

Sou aquele que sai nas ruas a pedir esmolas,
durmo nas sarjetas,
como frio, o vento, o medo,
e me embriago do descaso de um sociedade...

Eu sou o sangue que corre nas veias
e escorre no asfalto,
o corpo estirado no chão rodeado
por gritos de desespero,
a fraqueza da força
e o grito do silencio...

Eu sou o divino e o maravilhoso,
O aedo ignorante que conta histórias de uma terra,
Eu sou o temido por todos em todas as vidas,
Sou o pecado do perdão
E o megatão que explode no céu...

Eu sou o soldado caído no meio da guerra,
Sonhando com a família e a amada,
Eu sou a luta, a batalha e a própria guerra,
Sou um holocausto,
Eu apenas sou...

Eu sou o esperado, o aeon,
Uso da mentira para me fazer verdadeiro,
Sou aquele que vem em nome do povo,
Dos mais fracos, pobres, desamparados,
Eu sou a prata, o cobre, o chumbo e a carne...

Eu sou humano?
Ou sou um espelho?
Quem sou eu?
Sou Deus? Será?
Ou será que não sou nada?

Belém-Pará, dia 25 de março de 2010.

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